Desde cedo, minha vida foi uma busca incansável por algo que eu não sabia nomear. Aos 16 anos, já estava no mercado de trabalho: dei aulas de Muay Thai, ensinei Física, ajudei jogadores online a melhorarem sua performance. Mais tarde, mergulhei no universo da engenharia (manutenção, projetos, operação, gestão). Cada cargo parecia uma nova promessa de realização, mas a sensação de vazio nunca me abandonava.

Por fora, eu tinha “sucesso”. Um salário que passava os 15 mil, oportunidades, cargos importantes. Por dentro, uma inquietação constante. A cada empresa que mudava, esperava encontrar entusiasmo, mas acabava sempre preso às mesmas angústias. O dinheiro entrava e saía com a mesma velocidade, e as dívidas se acumulavam, não por falta de trabalho, mas porque eu gastava tentando anestesiar uma insatisfação que não entendia.

Foi nesse ponto que algo dentro de mim pediu por mudança. Entrei no território desconhecido do autoconhecimento, o meu chamado para a aventura. Estudar minhas próprias dores, meus padrões e meus pilares foi como abrir a porta de um novo mundo. Descobri que a raiz da minha angústia não estava no trabalho em si, mas na falta de liberdade, um valor essencial para mim, que até então eu ignorava.

Com o tempo, uma transformação silenciosa começou a acontecer. Não precisei ganhar mais para sair das dívidas; precisei apenas parar de usar o dinheiro como anestesia. Viagem atrás de viagem, comida atrás de comida, tudo isso caiu por terra quando percebi que nada daquilo resolvia o vazio. E, de repente, a vida começou a ganhar outro sentido.

Essa foi a travessia: sair de uma vida de correria sem propósito para um caminho de clareza, propósito e liberdade. Hoje, entendo que minha missão é compartilhar essa descoberta, que não é sobre abandonar quem você é, mas sobre se reconectar com aquilo que sempre esteve dentro de você.